12 de julho de 2017

[Resenha] Zac e Mia - A.J. Betts

"A última pessoa que Zac esperava encontrar em seu quarto de hospital era uma garota como Mia - bonita, irritante, mal-humorada e com um gosto musical duvidoso.
No mundo real, ele nunca poderia ser amigo de uma pessoa como ela.
Mas no hospital as regras são diferentes. Uma batida na parede do seu quarto se transforma em uma amizade surpreendente.
Será que Mia precisa de Zac? Será que Zac precisa de Mia? Será que eles precisam tanto um do outro?
Contada sob a perspectiva de ambos, Zac e Mia é a história tocante de dois adolescentes comuns em circunstâncias extraordinárias."

Zac tem leucemia e fez transplante de medula óssea, e agora espera o fim de seu período de isolamento para ir para casa. 
Mia tem osteosarcoma, que é um tipo de câncer no osso, e é a nova vizinha de quarto de Zac. Ela não está lidando bem com essa nova descoberta. Após algumas batidas na parede e espiar pela janela do quarto do garoto, Mia encontra Zac no facebook e decide adicioná-lo. Como Zac está isolado não pode sair do quarto e o chat da rede social é o único meio de comunicação que eles têm. Por conta do tratamento os dois tem o hábito de acordar às 3h da manhã e é nesse horário improvável para conversas que compartilham seus medos e expectativas em relação a doença.

"Há tanta coisa que ela ainda não compreende: que fica melhor, que não é culpa dos médicos. 'Não lute', eu quero dizer. 'Não puxe a alavanca da Saída de Emergência. Tome as pílulas e aproveite o passeio como der'."


Antes que você revire os olhos e diga que a história se parece com "A culpa é das estrelas", peço que dê uma chance ao livro. A doença é a única coisa em comum entre essas duas histórias. Tanto o enredo quanto o final são bem diferentes. :)
Mia é a típica garota bonita e popular, que tem um namorado bonito e é cheia de amigos. Ela decide não contar a nenhum desses amigos que está doente. Os únicos que sabem são sua mãe e Rhys, seu namorado. A garota vive em "pé de guerra" com a mãe e por isso ela fica sem acompanhante no hospital. Rhys faz poucas visitas e essas são bem curtas. A única pessoa que ela tem é o garoto do quarto ao lado. 
Zac e Mia discutem alguns dias antes dele voltar para casa e por isso ficam um tempo sem notícias um do outro. Ele volta para a fazenda onde mora com os pais e o irmão. Sua irmã já saiu de casa, mas mora ao lado deles. Na fazenda eles produzem e vendem azeite, e também tem alguns filhotes de animais que atraem turistas e fazem com que essas coisas sejam a fonte de renda da família. Já Mia é "a garota da cidade". Como dá para perceber a vida deles é bem diferente. Ele é um garoto de olhos azuis acinzentados, divertido e que tenta sempre enxergar o lado positivo das coisas, mesmo doente. A maneira de Zac de enxergar a vida me mostrou que muitas vezes o tamanho dos nossos problemas e dificuldades são uma questão de perspectiva; trata-se da maneira como os enfrentamos.
Mia se torna a chata da história, mas ao longo da leitura conseguimos entender o porquê de seu comportamento. Ela tem grandes chances de recuperação e Zac sempre diz que ela tem sorte, mas a menina não consegue perceber isso. A coisa boa é que ela passa por um processo notável de amadurecimento.
Zac é de longe meu personagem favorito. Ele é engraçado e consegue ser positivo mesmo diante de uma doença tão agressiva. E ele é um positivo pé no chão, que sabe as chances que tem de sobrevivência e decide se agarrar a elas, ao invés de amaldiçoar o que tem. Ele não reclama de quase nada e ainda consegue ter forças para tentar ajudar Mia. Todas as vezes que pensar em reclamar de algo quero me lembrar dele e pensar que tem pessoas em situação bem mais complicada que a minha. 
A história é ambientada na Austrália, um país diferente dos quais estamos acostumados a ver nos livros. Ponto positivo para a autora, pois trouxe algo diferente para sua obra. 
Na capa do livro tem um comentário de Fiona Wood, autora de Seis Coisas Impossíveis, dizendo que se você pegar este livro não vai querer largá-lo. E ela está certíssima! Os fatos acerca dos personagens são revelados aos poucos e isto faz com que o leitor fique curioso. Gosto de narrativas assim porque prendem minha atenção do início ao fim da história. Mais um ponto para A.J. Betts! 
Não se trata de um romance água-com-açúcar, mas é uma história bonitinha, daquelas que a gente lê rápido e deixa uma lição de vida. Vale a pena. 

"Talvez coragem seja isso: atos impulsivos em um momento em que sua cabeça grita não, mas seu corpo vai em frente assim mesmo."

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